- Área: 65 m²
- Ano: 2005
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Fotografias:João Nitsche
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Fabricantes: Marcenaria do Engenho, Papaiz, Reka Iluminação
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto de um refúgio embrenhado em plena mata no litoral paulista foi uma oportunidade de pensar a casa nas suas características essenciais, ou seja, como um abrigo para o Homem em meio à natureza.
Imaginamos esse “abrigo primordial”– um volume de 4,8 x 12 x 2,5 metros, suspenso 70cm do solo – totalmente aberto para a mata na qual está inserido. O volume é construído com estrutura de madeira reciclada (peroba), que guarda na sua superfície o registro das construções anteriores. O piso e fechamentos internos são feitos de painéis industrializados de madeira revestidos com placas cimentícias; a cobertura é um sanduíche de painel de madeira impermeabilizado e painel de madeira tipo OSB.
O fechamento externo do volume, por sua vez, acabou se transformando na grande questão do projeto, uma vez que deveria proporcionar toda a integração desejada e ao mesmo tempo funcionar como mediador com a mata, que é quente, úmida e repleta de insetos.
A solução foi criar um sistema de fechamento constituído por duas camadas sobrepostas. A primeira pele – a exterior - é feita com painéis de tela de poliestireno com malha de 2,5mm x 2,5mm que impede a entrada de insetos e permite a ventilação permanente dos espaços internos; a segunda pele é constituída por um sistema de fechamento em vidro com janelas basculantes cujos suportes e perfis de fixação são levíssimos, proporcionando uma transparência total.
A construção desse abrigo, como se vê, pressupõe a utilização de componentes industrializados, que permitem uma montagem rápida e precisa. Além dessa espécie de depuração construtiva, nosso desejo foi criar um volume cuja materialidade – dada especialmente pela pele dupla – permitisse diferentes leituras da inserção da casa na natureza, em função das suas características tanto miméticas quanto de reação às variações climáticas. Assim, dependendo da luz incidente e da posição relativa do observador, da casa e da mata, teríamos a arquitetura se afirmando ora como uma caixa de luz, ora como objeto opaco, ora como volume translúcido, ora como um camaleão engolido pela natureza.